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Cadastro positivo: Serasa e Equifax estão prontas

As empresas de análise de risco de crédito já estão prontas para explorar o mercado que se abre a partir da aprovação do cadastro positivo, que passou pela primeira votação na Câmara na última semana e segue para agora o Senado.

Fonte: PEGNTags: cadastro positivo

Do Valor OnLine

As empresas de análise de risco de crédito já estão prontas para explorar o mercado que se abre a partir da aprovação do cadastro positivo, que passou pela primeira votação na Câmara na última semana e segue para agora o Senado. A importância dada ao projeto tem a ver com a possibilidade de haver uma redução dos spreads bancários, tendo em vista a potencial diminuição da inadimplência.

Essa aposta, no entanto, pode se mostrar frustrante, seja pelo pequeno impacto que haverá sobre as taxas ou pelo tempo que poderá levar até que o sistema seja colocado em prática.

Para Francisco Valim, presidente da Serasa Experian, o cadastro deverá entrar em atividade em 18 meses, quando houver volume suficiente de informações que poderão ser trocadas. O resultado inicial, de acordo com ele, não deve passar de 1 ponto percentual em termos de redução de spread.

Se não será tão favorável para as taxas, Valim crê que, na redução de inadimplência, a medida será bastante efetiva. Assim como em outros países que adotaram o sistema, como a Coreia do Sul, a taxa pode cair pela metade. "Isso reduzirá de 37% para 20% a fatia que a inadimplência assume dentro do spread", diz o executivo.

As empresas do ramo, como a própria Serasa Experian e a Equifax, devem aplicar aqui modelos já adotados no exterior, mas anexarão às novas informações o cadastro negativo pré-existente. A ideia é agregar valor ao relatórios comercializados pelas empresas.

Isso significa que o histórico dos inadimplentes será carregado em uma nova lista de cadastros que trará o comportamento dos tomadores de crédito no Brasil, de adimplência e inadimplência também. Ele reunirá, em um só CPF ou CNPJ, as várias informações sobre financiamentos, dívidas e créditos tomados e o andamento desses pagamentos, prazo restante, número de parcelas e, em alguns casos, até o nível de comprometimento de renda ou faturamento presumido.

As informações dos clientes serão obtidas pelas empresas por meio de bancos e outras empresas de financiamento ou mesmo com operadoras de telefonia e seguradoras desde que o cliente tenha dado permissão para tanto. "Em princípio, o banco não deverá cobrar para o repasse da informação ao nosso bureau", diz a diretora de soluções da Equifax, Claudia Amira.

Ambas as companhias já estão prontas para adotar esse produto híbrido, com informações tanto sobre cadastro negativo como sobre o novo sistema de acompanhamento da rotina de pagamentos de consumidores ou empresas. Claudia avalia, no entanto, que embora a análise seja mais elaborada do que em outros países, pode ser que a empresa não cobre mais por isso no começo. "Precisamos de parceiros", lembra.

Isso porque os fornecedores de informações, como bancos, financeiras e varejistas que tenham um braço financeiro de crédito, também serão os consumidores dos dados consolidados e analisados que serão vendidos pela empresa.

Valim, da Serasa, acredita que as instituições bancárias, que hoje representam 30% da receita obtida com a venda de relatórios, devem repassar alguns custos e forçar uma negociação pelas informações, até porque a lei prevê a possibilidade de comercialização. "É assim hoje e o modelo não muda", diz o executivo.

Assim como a Equifax, a Serasa Experian também deverá rodar por aqui os modelos já usados em suas operações em outros países. Mesmo assim, a iniciativa vai demandar investimentos em aumento da capacidade de armazenamento, processamento e outros recursos funcionais. O montante, segundo Valim, vai depender do volume de informações.

Seja como for, as empresas no momento estão preocupadas com alguns aspectos novos da lei acrescidos na Câmara, que alteram padrões do velho cadastro negativo e que podem elevar custos. O principal deles é a obrigatoriedade do envio de comunicação por escrito com aviso de recebimento, serviço que é mais caro do que os avisos entregues atualmente, que não demandam confirmação.